segunda-feira, 14 de abril de 2014


Bruna escreveu:
Apontamentos musicais

A música aborígene, vocal e instrumental, tradicional e “moderna”, pouco se houve e é arrebatadora. Lembrando o que ouvi e vi na Conferência da AIATSIS (postagem anterior), há excelentes (etno)musicólogos na Austrália e acervos fantásticos.
Jeremy Beckett é um dos mais antigos; lembrou dos primórdios da documentação musical nos anos 50 em Torres Straits, com exemplos sonoros e em vídeo. Stephen Wild, mais jovem, conduziu a conversa com Beckett. Um tema recorrente é o retorno (ritualizado de ambas as partes) de acervos históricos para os descendentes aborígenes, com interessante revitalização, em certos casos, de rituais abandonados. Outra apresentação que chamou minha atenção, mais erudita mas não menos interessante, foi a de Anthony Lincoln John, mostrando o processo de adaptação e transformação de músicas aborígenes para as trilhas sonoras (tocadas por sinfônicas) dos famosos documentários da expedição Montford, realizada nos anos 50 pelo Smithsonian e National Geographic na Arnhem Land.

Finalmente, o melhor: Brenda Gifford, pesquisadora aborígene residente em Sidney, falou da música aborígene urbana, chamada de “resistência”, especialmente de uma banda pioneira, a Mixed Relations Band (1983-1990). Vale a pena conferir, tem bastante coisas na internet, é fascinante! Lembro de entrevista com Bart Willoughby (We Have Survived), expoente da intelectualidade musical aborígene dos anos 80. As bandas aborígene continuam a tocar e aumentam, em toda a Austrália, e delas vêm as vozes da revolta. 

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