terça-feira, 22 de abril de 2014


Bruna deu conferência no ANCLAS (Australian National Centre for Latin American Studies, Australian National University-ANU, Canberra): “Brazil: Indigenous people and languages” (Brasil: povos e línguas indígenas), no dia 10 de abril 2014, The Tank Lecture Theater. Falamos não apenas dos aspectos positivos das garantias constitucionais no Brasil e de uma história que, apesar de tudo, deixou que sobrevivessem ainda cerca de 150 línguas nativas, e não apenas de endangered languages (línguas ameaçadas), mas também de endangered lands (terras ameaçadas), já que interesses econômicos e políticos anti-indígenas continuam, e cada vez mais, ameaçando os direitos constitucionais. Falamos dos problemas da “educação bilíngue”, reconhecida por lei, mas que sobrevive na contradição entre discurso oficial e práticas locais. Falamos da “invisibilidade” das línguas indígenas no Brasil, onde não há nenhuma política linguística explícita para a sua divulgação, manutenção e revitalização. Depois da conferência, houve a projeção do filme As Hiper Mulheres. Estavam presentes cerca de 50 pessoas numa noite chuvosa e fria, incluindo o embaixador brasileiro e a adida cultural da embaixada.


Bruna acompanhou o Workshop:

Garbled voices from the archives: Restoring Aboriginal words and meanings in historical sources (As vozes incompreensíveis dos arquivos: restaurando palavras aborígenes e significados a partir de fonts históricas) . 15-16 de abril 2014, na ANU, Canberra.

Organizado pelo projeto Autskin (Tracing Changes in family and social organization in Indigenous Australia):
ttp://www.austkin.net/

 

Abaixo o tema do workshop:
How do we make sense of Aboriginal words recorded in early sources when the language cannot be identified? What if the language is known, but no speakers remain?
Our workshop seeks to bring together scholars who routinely work with old sources on Australia’s indigenous cultures, from Aboriginal people investigating their heritage, to linguists, archivists, anthropologists and historians. The standing challenge of working with historical documents is that individual scribes applied their own personal spelling conventions, and may not have heard the sounds accurately to begin with. As a result, many of the most important ethnographic, linguistic and historical materials are accessible only to specialist scholars who have knowledge of Aboriginal sound systems and long experience working with archival sources.
Over two days, the workshop will hear presentations from a range of practitioners who will describe informative case studies and offer practical interpretive techniques. Plenty of time is given for discussion between each session. Feel free to bring your own archival conundrums for analysis by the group.
Programa completo em:


Qual o interesse disso para nós nos Brasil? Não temos nenhuma metodologia precisa no que concerne o trabalho com dados linguísticos (de línguas indígenas) em fontes históricas. Por óbvias razões (muitas das línguas nativas só podem ser parcialmente, em graus diferentes, reconstruídas a partir de fontes documentais), linguistas e historiadores australianos concentram esforços e estudos na investigação de arquivos, aqui organizados, accessíveis, digitalizados, etc. No Brasil, lembro apenas da publicação comentada do mapa etnohistórico de Kurt Nimuendaju. O que significa, por exemplo, entregar uma lista de palavras de cem anos atrás, ou mais, para os Pataxó em busca de sua/uma língua, sem dar a eles os instrumentos e os caminhos para a sua análise e possível aproveitamento?

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