quinta-feira, 24 de abril de 2014


ANZAC DAY – 25 de abril 2014
ANZAC: Australian & New Zealand Army Corp
By Bruna

O monumento mais impressionante e venerado em Canberra é o War Memorial (Memorial da Guerra), onde se cultuam os soldados australianos mortos em muitas guerras, todas em outras terras ao redor do mundo: Síria, Afganistan, Turquia, Europa, Oceania, Vietnam, Sudan, etc. e etc. As alianças militares (Austrália, Nova Zelânida, Estados Unidos e Reino Unido), as três armas, orgulho nacionalista, datas de batalhas, heroísmo, dedicação, disciplina, todas as qualidades militares, são exaltados em não poucas comemorações anuais em toda Austrália, em dias festivos que congregam massas fantasiadas com bandeiras, botões, cartazes, acabam em picnic e bares, sempre tudo muito “família”. Cada cidade tem o seu War Memorial, que exibe a frase: Lest we forget (Para que nós não esqueçamos). Não há nenhum memorial que lembre os aborígenes mortos, agora numa guerra em solo australiano, ao longo da colonização. Por outro lado, um tema atualmente discutido é a entrada de aborígenes nas forças armadas, coisa boa, que deve ser reforçada rumo à inclusão assimilacionista.


Resolvi madrugar para ter uma experiência direta do nacionalismo militar australiano e registrar o evento através de umas fotos. O ANZAC Day 2014, festa familiar com muitos jovens e crianças, foi comemorado hoje em Canberra com preces, cantos, hinos e discursos, no amplo parque ao redor do War Memorial (a poucos metros de nossa casa). Grande afluência, filas de ônibus e carros estacionados nas ruas próximas, os whitefella dominantes, loiros, brancos, grandes e saudáveis, vários exibindo condecorações militares. O “culto”, cívico e religioso ao mesmo tempo, começou às 5 horas da manhã, antes do sol nascer, e a comemoração vai continuar até de tarde. Esquema de segurança e organizativo – militar – impressionante. Todos em pé, com lanternas acesas, compungidos, em silêncio. Depois, já com a luz de um tímido sol atrás das nuvens, a visita ao Memorial, nas suas entranhas, junto com uma massa disciplinadamente obediente.

Fachada do War Memorial em Canberra 

Do outro lado, a vista da grande avenida que leva ao Parlamento 

Comemorantes, pousando 

Dentro do War Memorial 

Cada 'nicho', uma guerra 


A parede de um dos dois corredores superiores com as listas dos mortos em guerra






A guerra no Afganistan não acabou... 

Tudo guardado por estátuas verdadeiras 

 ou quase

terça-feira, 22 de abril de 2014


Verde que te quero verde
Bruna

As cidades australianas são verdes, parques imensos, árvores imponentes, flores. Eis algumas instantâneas.

Botanical Garden (Jardim Botânico) de Canberra:


Grass Plant









Botanical Garden de Adelaide




Botanical Garden de Sydney




Ícone australiano: gum tree (eucalipto) 


Bush na Australia Central, onde encontramos...

Outro ícone australiano: boab tree

Bruna deu conferência no ANCLAS (Australian National Centre for Latin American Studies, Australian National University-ANU, Canberra): “Brazil: Indigenous people and languages” (Brasil: povos e línguas indígenas), no dia 10 de abril 2014, The Tank Lecture Theater. Falamos não apenas dos aspectos positivos das garantias constitucionais no Brasil e de uma história que, apesar de tudo, deixou que sobrevivessem ainda cerca de 150 línguas nativas, e não apenas de endangered languages (línguas ameaçadas), mas também de endangered lands (terras ameaçadas), já que interesses econômicos e políticos anti-indígenas continuam, e cada vez mais, ameaçando os direitos constitucionais. Falamos dos problemas da “educação bilíngue”, reconhecida por lei, mas que sobrevive na contradição entre discurso oficial e práticas locais. Falamos da “invisibilidade” das línguas indígenas no Brasil, onde não há nenhuma política linguística explícita para a sua divulgação, manutenção e revitalização. Depois da conferência, houve a projeção do filme As Hiper Mulheres. Estavam presentes cerca de 50 pessoas numa noite chuvosa e fria, incluindo o embaixador brasileiro e a adida cultural da embaixada.


Bruna acompanhou o Workshop:

Garbled voices from the archives: Restoring Aboriginal words and meanings in historical sources (As vozes incompreensíveis dos arquivos: restaurando palavras aborígenes e significados a partir de fonts históricas) . 15-16 de abril 2014, na ANU, Canberra.

Organizado pelo projeto Autskin (Tracing Changes in family and social organization in Indigenous Australia):
ttp://www.austkin.net/

 

Abaixo o tema do workshop:
How do we make sense of Aboriginal words recorded in early sources when the language cannot be identified? What if the language is known, but no speakers remain?
Our workshop seeks to bring together scholars who routinely work with old sources on Australia’s indigenous cultures, from Aboriginal people investigating their heritage, to linguists, archivists, anthropologists and historians. The standing challenge of working with historical documents is that individual scribes applied their own personal spelling conventions, and may not have heard the sounds accurately to begin with. As a result, many of the most important ethnographic, linguistic and historical materials are accessible only to specialist scholars who have knowledge of Aboriginal sound systems and long experience working with archival sources.
Over two days, the workshop will hear presentations from a range of practitioners who will describe informative case studies and offer practical interpretive techniques. Plenty of time is given for discussion between each session. Feel free to bring your own archival conundrums for analysis by the group.
Programa completo em:


Qual o interesse disso para nós nos Brasil? Não temos nenhuma metodologia precisa no que concerne o trabalho com dados linguísticos (de línguas indígenas) em fontes históricas. Por óbvias razões (muitas das línguas nativas só podem ser parcialmente, em graus diferentes, reconstruídas a partir de fontes documentais), linguistas e historiadores australianos concentram esforços e estudos na investigação de arquivos, aqui organizados, accessíveis, digitalizados, etc. No Brasil, lembro apenas da publicação comentada do mapa etnohistórico de Kurt Nimuendaju. O que significa, por exemplo, entregar uma lista de palavras de cem anos atrás, ou mais, para os Pataxó em busca de sua/uma língua, sem dar a eles os instrumentos e os caminhos para a sua análise e possível aproveitamento?

segunda-feira, 14 de abril de 2014


Bruna escreveu:
Apontamentos musicais

A música aborígene, vocal e instrumental, tradicional e “moderna”, pouco se houve e é arrebatadora. Lembrando o que ouvi e vi na Conferência da AIATSIS (postagem anterior), há excelentes (etno)musicólogos na Austrália e acervos fantásticos.
Jeremy Beckett é um dos mais antigos; lembrou dos primórdios da documentação musical nos anos 50 em Torres Straits, com exemplos sonoros e em vídeo. Stephen Wild, mais jovem, conduziu a conversa com Beckett. Um tema recorrente é o retorno (ritualizado de ambas as partes) de acervos históricos para os descendentes aborígenes, com interessante revitalização, em certos casos, de rituais abandonados. Outra apresentação que chamou minha atenção, mais erudita mas não menos interessante, foi a de Anthony Lincoln John, mostrando o processo de adaptação e transformação de músicas aborígenes para as trilhas sonoras (tocadas por sinfônicas) dos famosos documentários da expedição Montford, realizada nos anos 50 pelo Smithsonian e National Geographic na Arnhem Land.

Finalmente, o melhor: Brenda Gifford, pesquisadora aborígene residente em Sidney, falou da música aborígene urbana, chamada de “resistência”, especialmente de uma banda pioneira, a Mixed Relations Band (1983-1990). Vale a pena conferir, tem bastante coisas na internet, é fascinante! Lembro de entrevista com Bart Willoughby (We Have Survived), expoente da intelectualidade musical aborígene dos anos 80. As bandas aborígene continuam a tocar e aumentam, em toda a Austrália, e delas vêm as vozes da revolta. 
RAFAEL escreveu:

We have been traveling in Australia for roughly two months now. The first place we visited was Parkes in New South Wales, then we went to Melbourne in Victoria, to Port Augusta and Adelaide in South Australia, and finally to Kununurra and Yuendumu in the Northern Territory. In these places, we met people that worked respectively, on Wiradjuri, Woiwurrung, Barngala, Kaurna, Miriwoong and Warlpiri. These places and languages  are listed in the same order as our trips, that also being the order of vitality of the languages: only the  language mentioned last, Warlpiri, is still being spoken by children; the language mentioned next-to-last Miriwoong, still has some elderly native speakers, and all the other languages are being revived from written sources. The fact that the vitality of these languages coincides with the order of our trips is not a coincidence, but is rather connected to the fact we first travelled to urban places near Canberra and then to gradually more isolated and harder to reach places.

As we reported in previous blog posts, our encounters with mobs working on language revival taught us just how hard it is. Though it is undeniable that language revival efforts have an important effect on the self-esteem of Aboriginal people and on school attendance, numeracy and literacy rates among Aboriginal kids, it is undeniable too that in none of the cases we learned of was an Aboriginal language revived beyond the knowledge of fixed expressions and of isolated words. What our experience emphasizes to us is just how important it is to support the transmission of Aboriginal languages whose full speakers are still around. 

In Kununurra we met a mob working on boosting the transmission of an Aboriginal language, the Miriwoong language. Among the Miriwoong people, only a handful of elders are full speakers of their language, a few middle-aged people are good passive speakers of it, and younger Miriwoong people have had little or no exposure to the language. To remedy the situation, the Mirima Language and Culture Centre is working on two fronts. They have already been for some time running a program targeted at young adults, which consists of organized sessions in which the Miriwoong elders teach the language to the younger adults. The Miriwoong language center recently started a program targeted at children, consisting of lessons taught at childcare centers and kindergartens. It is too early to access how the child-directed efforts are going to fare. As for the adult-directed efforts, they don't seem to have resulted in the restoration of the use of the Miriwoong language in daily situations.

This experience showed to us that even when full speakers are still around, restoring a language once direct transmission has been broken is no easy business (though we can't disregard the non-linguistic positive impact of restoration efforts on Aboriginal people).

My personal point of view is that the focus should be dislocated from the restoration of languages and cultures to the underlying, far more complex and long-standing problems the brutal British colonization brought onto the native peoples of the Australian continent. Drug abuse, domestic violence and cultural disintegration are but the symptoms of Aboriginal peoples' dispossession, hopelessness and lack of control over their own lives.

In the Warlpiri community of Yuendumu, we learned about some recent actions of the integrationalist program of the Northern Territory government on Warlpiri schools. After a few productive decades of autonomous development of the Warlpiri school curriculum, with hundreds of books produced locally in Warlpiri language, the NT government effectively imposed English as the school language. In the same vein, by enforcing stricter requirements on teacher certification, the NT government managed to reduce the presence of Warlpiri teachers in the school to only two. Take into consideration the fact that Yuendumu is the largest Warlpiri community of Australia.

Of course the situation is more complicated than anyone is able to grasp, and an interesting collection of points of view on the demise of the education of Aboriginal children in their mother tongue can be found [here](http://www.abc.net.au/4corners/content/2009/s2683288.htm).

My personal point of view comes from the comparison of the situation of the Australian Indigenous peoples with that of the Brazilian Indigenous peoples. In Brazil Indigenous peoples have the constitutional right to self-determination, and even though that right is often illegally violated, it is notory that in Australia the subjugation of the indigenous peoples is constitutional.

Symptomatic of the state of subjugation of the Australian Aboriginal peoples is the fact that in Yuendumu the principal of the local school is not a Warlpiri person. Nor are Warlpiri the people in leading positions at PAW, the modern incarnation of Warlpiri media. This state of affairs must be contrasted to that of Indigenous schools and media associations in Brazil, where teachers, principals and media makers are Indigenous.

In the last stop of our trip, in Alice Springs, we learned about innovative uses of new digital media for the conservation and documentation of Aboriginal languages in the "Getting in Touch" workshop.

 Foto do acervo da AIATSIS, exposta na inauguração da Conferência Internacional 50 anos da AIATSIS, em Canberra

 Foto do acervo da AIATSIS exposta. A legenda diz: The men prominent in Wave Hill strike for equal conditions and pay for Aboriginal workers, 1960.


Livia e Bruna escreveram

Northbound – Rumo ao Norte
Texto de Lívia complementado por Bruna

Dois voos atrasados nos deram dois dias em Perth, ensolarada cidade de belas praias da Austrália ocidental, antes de chegarmos em Kununurra, nosso destino. 


Vista da cidade de Perth


E as praias de Perth


Vista de Kununurra




Nossa casa em Kununurra

Perdemos o jantar de recepção que o staff do Mirima Language Center tinha preparado, mas em tempo para assistir a uma sessão de trabalho mestre-aprendizes, com a presença de uma dezena de mulheres e dois homens aborígenes. Nesta, Miriwoong language workers (não aborígenes, como uma jovem australiana e uma jovem americana...com contratos temporários e aprendendo Miriwoong) conduziam pequenos grupos com a presença de uma/um anciã/o (elder) com o objetivo de formular e aprender maneiras de fazer perguntas e respostas. O tema do dia era “tartarugas”, parte de um livro em produção sobre animais que vivem na água. Uma sessão coletiva seguiu, em que cada um compartilhou suas frases com os outros enquanto nosso anfitrião e coordenador do Centro, o alemão Knut Olawsky, escrevia tudo no quadro. Cada frase era lida, depois apagada e repetida por todos (memorização).

Mirima Language Center

Sessão de trabalho entre mestres e aprendizes da língua Miriwoong

Mestres e aprendizes, com language worker.

Knut Olawsky


O staff e os language workers nos falaram sobre o Centro, a terra Miriwoong e a língua. Desenvolvem duas linhas principais de trabalho e pesquisa: documentação e revitalização; o chamado language nest (ninho da língua). As sessões mestre-aprendizes fazem parte da estratégia de revitalização, assim como a produção de livros e materiais pedagógicos. Os linguistas K.J. and Frances Kofod estão elaborando uma gramática Miriwoong, produto do trabalho de documentação, além do dicionário existente e em via de ampliação.


Cartaz no Mirima Language Center: palavras para novos referentes



Perguntamos para Knut se outras línguas, além do Miriwoong, estavam incluídas no programa do Language Center. A resposta: foi necessário escolher, focar, a língua mais passível de revitalização, o Miriwoong, que conta ainda com alguns falantes plenos (os mais idosos). Chamou nossa atenção a engenharia linguística que aqui também, como em todas as outras experiências de revitalização, é implementada. Disse Knut: estamos criando uma nova língua, simplificada, em experimento junto com a comunidade Miriwoong, para que possa ser aprendida por crianças e adultos como 2ª língua. O problema é a complexidade morfológica do Miriwoong, como outras línguas aborígenes (200 formas verbais!). Os vizinhos dos Miriwoong aceitaram a escolha e apoiam o projeto, mesmo perdendo definitivamente suas próprias línguas. Tentar revitalizar uma para não perder todas.





Mestre Mirowoong

A mestre Pauline

Tivemos algum tempo no primeiro dia para andar pela cidade e ver duas galerias de arte aborígene. Kununurra é densamente habitada por aborígenes de grupos étnicos diferentes e é onde os contrastes sociais são mais aparentes. Grades protegem janelas e portas de casas e lojas; extensas listas de “é proibido” estão na entrada de supermercados e vendas de alimentos. Por outro lado, aborígenes, geralmente em grupos familiares, sentam na sombra de árvores, no chão, hábito bem tradicional, enquanto alguns deles fazem compras nos estabelecimentos onde podem entrar, sempre sob os olhos de algum segurança (branco). Vários descalços (calor de mais de 40º, pés sobre o asfalto...), vários homens claramente bêbados. O alcoolismo é uma praga, gera violência doméstica e entre famílias, destrói corpos e almas.
Em seguida, fomos para uma creche pública com o team do Language Nest para ver o tipo de atividades, apenas iniciadas, que estão sendo realizadas com crianças de 2 a 5 anos. Três mulheres Miriwoong e a language worker sentadas num sofá na frente de uma dezena de pequenos, alguns atentos, outros bagunceiros, aborígenes e não. Falam somente em Miriwoong e ensinam pequenos cantos e pequenas frases com o uso de bonecos de papel feitos no Language Center. As crianças pareciam gostar, mas meia hora, três vezes por semana é muito pouco...mas é alguma coisa. De fato, o que é chamado de Language Nest não é propriamente Language Nest, que significa imersão total num ambiente monolíngue (em língua indígena) por tempo longo (num acampamento de férias, por exemplo, onde crianças e adultos interagem com falantes mais velhos). Vimos algo bem diferente em Kununurra: contatos breves em contexto escolar.



Voltamos para o Language Center para a nossa apresentação (o que somos e o que fazemos no Brasil, quem são os índios, direitos à terra e problemas, educação bilíngue e problemas). Fechamos com dois vídeos do Coletivo Kuikuro de Cinema (Ihingi e Kindene). Conversamos com David, Miriwoong que voltou a falar a língua e que está começando a trabalhar num serviço novo na Austrália, o de intérprete, cujo centro na região está na cidade de Brum. David expôs críticas contundentes à política assimilacionista do governo australiano, impressionado com os direitos à terra definidos na Constituição brasileira de 1988, algo impensável aqui. Os Native Titles não garantem direitos à posse da terra e de seus recursos, não anulam propriedades incidentes em terras indígenas, são apenas reconhecimentos formais que podem ser usados para “negociações”, em eventuais longuíssimos processos jurídicos.


David e Dwain no Mirima Language Center


David intérprete

Concluímos nossa estadia em Kununurra com uma breve viagem para a terra Miriwoong adentro, com os Miriwoong e o pessoal do Language Center. A elder Pauline nos submeteu ao ritual do Welcome to the Country, nos banhando nas águas frescas provenientes de uma pequena cachoeira e de uma deliciosa piscina natural encrustada nas pedras ocres e vermelhas. Sentamos, comemos e ouvimos Pauline ensinar sua língua e contar histórias. 


Welcome to Country



Molly Springs - Miriwoong Land



Pauline

Pauline comendo e ensinando Miriwoong

Preparando o picnic

Pauline gravando frases em Miriwoong




Vimos flores e plantas e animais. No caminho de volta paramos várias vezes para catar pedras de ocre e bush bananas. Pauline catava incansável pedaços de madeira e de entrecasca.

Catando pelo caminho de volta

Tirando bush-bananas



Não foi o único banho em águas limpas e refrescantes em terra Miriwoong. Por duas vezes, vimos o sol se pôr nas piscinas naturais do The Grotto e de Black Rock, não longe de Kununurra.


The Grotto

Voltando de The Grotto

Black Rock pool

Deixamos Kimberley, lembrando das fortes e sábias mulheres Miriwoong.


Bruna escreveu:
Alice Springs e Yuendumu: línguas, tecnologia digital, comunicação e arte.

Até que enfim...40% das línguas aborígenes da Austrália Central e Northern Territory são ainda vitais, transmitidas como primeira língua, podem ser ouvidas nas ruas de Darwin, Kununurra, Alice Springs, Yuendumu.

E rumo para Alice Springs (via Darwin) no dia 5 de abril.  Do avião uma visão da região de Kimberley, lembra o cerrado de Mato Grosso, ainda seco, imensos lagos artificiais de água barrenta criados por grandes barragens, que servem sobretudo para irrigação de cultivos de soja e algodão. O Lake Argyle é o maior, ao lado das minas de diamantes. Na Austrália, muita da energia é gerada ainda por usinas movidas a carvão, as mais poluentes.

Uma noite em Darwin – para mim cidade mítica, talvez pelo nome, talvez pela lembrança dos bombardeios japoneses na II Guerra Mundial - o tempo de jantar fish&chips no porto (wharf). 



Hipocrisia e retórica. No aeroporto, nos hotéis, nas ruas, desenhos aborígenes e outdoors agradecendo os Traditional Owners, Custodians of the Land. Tudo devidamente “aborigenizado” para lembrar que “este lugar foi dos aborígenes, não é mais, obrigado por nos dar o chão sobre o qual este aeroporto ou este hotel foi erguido...”. Um antídoto contra a possibilidade de qualquer reclamação. Esta é a presença indígena mais evidente em Darwin; estamos no Northern Territory onde teve início a concessão dos Native Titles e onde há, de fato, Aboriginal Lands (o que não dá nenhum direito de posse ou propriedade coletiva, como já dissemos).


Saguão do hotel em Darwin

Daqui em diante usarei o termo Whitefella para me referir aos Brancos, termo usado pelos nativos daqui.

Caminhando pela rua das lojas de arte aborígene e cafés, Alice Springs parece uma Saint-Tropez do deserto central. Curiosa e fascinada pela beleza produzida pelos artistas aborígenes da região, entrei em várias lojas, verdadeiras galerias de arte ou boutiques do naïf cultivado. A quantidade de quadros e telas expostos para venda é impressionante, pendurados nas paredes ou como roupas em cabides. E é estonteante a beleza que vem de cada um deles, formas e cores no estilo clássico pontilhado, dreaming stories, transformações para novas criatividades individuais. Sem esquecer os pintores de landscapes, arte figurativa paisagística finíssima, como os clássicos Wenten Rubuntja e Ivan Parka. 


Galeria de arte aborígene em Alice Springs

Ivan Panka (foto de livro exposto no workshop no Desert People Center)

É um mercado que vai muito além da Austrália Central e da própria Austrália. Os artistas australianos estão nos museus do mundo inteiro, nas casas dos colecionadores, nos depósitos e showrooms de galerias e comerciantes internacionais. Pensei, vendo a quantidade de peças e os preços altos: algum dinheiro, talvez muito, deve chegar aos artistas aborígenes, eis uma fonte interessante de dinheiro, para eles. Vivem de arte?

Em Yuendumu, comunidade e terra Warlpiri, a 300 km de Alice Springs, vimos a outra ponta do comércio de arte aborígene. Yuendumu é uma pequena vila aborígene, um tanto depressiva pela sua aparência de assentamento e não tanto de uma, digamos, aldeia com posto da FUNAI. É a maior comunidade aborígene da Austrália, com quase mil pessoas. Um carro de polícia, correio, a igreja batista (tão antiga quanto a vila), a sede do Land Council, o centro de atendimento à mulher e ao idoso, a escola, umas vendas, casas. 


Uma rua de Yuendumu

Guest House em Yuendumu

O centro de arte está localizado do outro lado da rua onde se localiza a guest house, onde, evidentemente, ficamos hospedados. A vila estava meio vazia e a escola fechada por uma semana: muitas família tinham ido receber os royalties da Yuendumu Mining Company, propriedade aborígene, com administração do Land Council warlpiri e cujo manager é o geólogo Frank Baarda (vejam mais adiante). 

A visita ao Centro de Arte Warlpiri, em Yuendumu, foi especialmente instigante. Foi aqui que começou a história recente da arte aborígene, quando uma antropóloga francesa (Françoise Dussart), nos anos 70, em viagem de pesquisa, descobriu e documentou um conjunto de pinturas deslumbrantes (todas Dreaming Stories) feitas sobre as portas da escola e de algumas casas. Tudo está num livro. Uma nova edição, ampliada, acaba de ser lançada pelo South Australian Museum e Wakefield Press: Philippe Jones with Warlukurlangu artists, Behind the Doors: An Art History from Yuendumu.

Nos amplos espaços do Centro funciona toda a infraestrutura necessária, e muito bem organizada, para a produção contínua de pinturas Warlpiri: assessoria artística, administração, almoxarifado com todos os materiais (tintas e telas, etc.), exposição e depósito. Havia várias mulheres, de todas as idades, inclusive crianças, pintando, produzindo, as mais velhas agachadas no chão (como quando se traçam pictografias na areia acompanhando narrativas, dreaming stories), as mais novas sentadas em bancos e mesas. Não há apenas mulheres artistas, homens também. Cada quadro (vários estilos) é assinado e catalogado numa base de dados onde cada artista possui uma ficha com biografia e curriculum artístico. Ao comprar um quadro, recebe-se junto a ficha do artista. Todo o sistema de produção e comercialização é muito bem montado. Os preços são razoáveis e revelam a qualificação desta produção. Só para ter uma ideia: um quadro pequeno pintado por um artista considerado como “em destaque” custa, em Yuendumu, por volta de 60 dólares australianos; numa galeria em Alice Springs, o mesmo quadro custa o dobro. É possível comprar quadros (inferiores em qualidade) nas ruas, por 50 dólares, não apenas em Alice Springs como em outras cidades australianas, vendidos diretamente por aborígenes provenientes da região de Alice Springs. Quadros são vendidos para museus, colecionadores e galerias, na Austrália e no exterior, com um serviço postal específico. Enfim, a valorização e o comércio da arte Warlpiri parecem bastante “justos”, no contexto das regras e mediações de um mercado internacional muito específico, representando, de fato, uma entrada importante para os artistas e suas famílias.

Uma grande exposição das pinturas Warlpiri (Warlpiri Drawings) será inaugurada em agosto 2014 no National Museum de Canberra. Afinal “drawings has been a crucial médium through which aboriginal people have communicated ritual knowledge to explorers, researchers and others since the earlier encounters”, frase que anotei no meu caderno mas sem a referência…sorry!...mas típica frase closing the gap, extendemos a mão para os concidadãos aborígenes, muito obrigado por privilegiar a comunicação com os colonizadores...

Não fizemos fotos do Centro de Arte, já que é particularmente desaconselhado divulgar imagens das pinturas aborígenes. Tiramos fotos só após pedir permissão, o tempo todo, e sempre com receio de ofender alguém. Há placas em vários pontos da vila proibindo filmagens e fotos, sem a autorização do centro de mídia Warlpiri (que visitaríamos em seguida). Muitas fotos, contudo, na visita à escola (ver adiante). Um caterpillar-train (um trem de lagartas) pousou para nós na primeira noite em Yuendumu, na porta de nossa casa.




PAW Media - Pintubi Anmatjere Warlipiri Media and Communication é um grande e animado centro de comunicação musical, rádio e vídeo, existente há mais de 30 anos! Nada melhor do que visitar o site:

Entrada da PAW Media

Escritório


O staff permanente é na maioria de whitefella, 4 a 5 pessoas; além disso, tem outros que trabalham part time. Há membros e colaboradores aborígenes. Estão agora migrando da comunicação analógica à digital, com o objetivo do rádio local atingir todas as comunidades da área, todas as casas, e também futuramente televisão local via satélite (Indigenous Community Television - ACTV). As transmissões de programas de rádio são intensas, com notícias, cultura local e muita música, de todos os tipos, particularmente de bandas aborígenes, que fazem uma música rock-eletrônica com pitadas reggae e metálicas, muito interessante. PAW Radio Network, em fase de implementação, é um braço da PAW Media and Communications. O alcance do rádio é claramente apenas local, conforme normas e limitações impostas pelo sistema nacional.
Vimos também os estúdios de gravação que estimulam o trabalho e a produção dos grupos musicais.


 Gravação de programa de rádio

Estúdio de gravação musical

PAW tem produzido filmes bem interessantes e criativos, ainda poucos, em produções de parceria com a comunidade Warlpiri e formando cineastas locais. Vimos uma animação deliciosa, ainda em fase de edição final, versão do famoso Bush Mechanics. Trazemos para o Brasil este filme e Coniston, documentário-denúncia do massacre de famílias Warlpiri por militares, em nome “do Rei e da Rainha”, em 1928.

PAW produz também para canais da televisão governamental, como a NITV (National Indigenous TV), que exibe programas variados, alguns bons documentários, muitas coisas chatas e bem na linha da política assimilacionista oficial. A NITV reproduz também o canal Maori da Nova Zelandia e alguma coisa de PNG (Papua New Guinea).

Vejam o que está no youtube aborígene:
indigitube.com.au

E há recursos governamentais para tudo isso.





Cartazes nas salas do PAW media

E no Brasil? Se a produção de vídeos cresceu expressivamente em qualidade e quantidade nos últimos 20 anos, deixando a Austrália para trás...a abertura de rádios e televisão, mesmo se locais e submetidas ao controle central, que existe na Austrália deixa o Brasil nas trevas da segurança nacional, resquício nada desprezível da ditadura.

Deixo por último o registro da rápida visita à escola de Yuendumu, na noite de nossa chegada, acompanhados por Franklin Baarda, alma branca de Yuendumu e figura além da imaginação comum, e por Nancy, uma das duas professoras warlpiri que restaram (os outros são whitefella). Não esqueço o que vi e o que ouvi. As diversos estabelecimentos da escola abrigam salas amplas, levemente bagunçada, uma bagunça alegre e colorida de pilhas de materiais de todos os tipos.


 Prédio da escola de Yuendumu

Doug Marmion e a professora Nancy, na escola








Sala de arte

 Nossa visita se concentrou, obviamente, na educação bilíngue, da qual a escola de Yuendumu foi e é pioneira desde os anos 70. Vimos mais de 150 títulos entre livros, cartilhas e outros materiais, numa criatividade sem par, todos em Warlpiri ou bilíngues. E todos produzidos localmente e artesanalmente. A língua Warlpiri dominava e o inglês entrava como segunda língua. Grandes linguistas como Ken Hale e David Nash assessoraram de perto todo o período “glorioso” da escola warlpiri. 

Falo do passado, já que a reação do governo do estado Northern Territory aflorou com violência assimilacionista recentemente, em 2009, obrigando o ensino do inglês nas horas da manhã e relegando o Warlpiri para atividades da tarde, quando os alunos estão cansados, numa inversão claramente eversiva (o estado eversivo!). Não há mais formação e contratação de professores warlpiri. Uma mensagem negativa para as crianças warlpiri e um programa educacional unsound, como disse Wendi Baarda em entrevista de pouco tempo atrás. Ver:


E comparem com o site oficial da escola, hoje:

Vejam mais fotos tiradas aleatoriamente nas salas da escola warlpiri.





Preciso apresentar brevemente a personagem Frank Baarda, 70 anos, há mais de 40 anos em Yuendumu. Sei o que ele nos contou, ávido de conversar, sobretudo em espanhol. Nasceu na Holanda e logo a família se mudou para a Argentina; Frank voltou para Holanda quando tinha 12 anos, fala um espanhol perfeito. Chegou em território warlpiri como geólogo. Casou com Wendi, pedagoga, responsável por boa parte da história da escola warlpiri. Dos filhos gêmeos, um trabalha no Google Maps em Sidney, depois de carreira feérica nos USA; o outro casou com uma aborígene e vive caçando cangurus no deserto central. Frank anda descalço, desdentado, um warlpiri branco (fala a língua com fluência), tem uma inteligência incomum. Querem saber mais?



Escritório de Franklin Baarda em Yuendumu

Pedi a Frank que nos falasse um pouco da história de Yuendumu, sentados na frente da venda da Mining Company, com uma das autoridades (um elder) warlpiri, professor aposentado e membro do Land Council. Resumindo: durante a II guerra (mundial), muitos aborígenes da região foram mobilizados e assentados para a construção da estrada que atravessaria o deserto central para a passagem de tropas e armamentos. Tudo mudou, os trabalhadores não “quiseram mais voltar à vida de caçadores e coletores” e surgiu Yuendumu e chegaram os missionários batistas em 1943 e tinha uma base russa próxima na época da guerra da Coréia. Yuendumu surgiu às margens de uma cattle-road com seus postos de abastecimento de água. Então, o governo da época adquiriu a área para que se tornasse “território indígena”. A Warlpiri Media surgiu como iniciativa “pirata” e auto-gerida antes da criação da PAW (definida por Frank como “colonialista”). Frank é um anarquista revoltado, terrivelmente crítico e pessimista diante da atual revanche assimilacionista. Hasta la vista, Frank!

A venda da Yuendumu Mining Company

Placa na frente da venda

De volta para Alice Springs. No dia 8 (abril), no Desert People Center, em Alice Springs, assistimos às apresentações do workshop Getting in Touch – Language and Digital Inclusion in Australian Indigenous Communities, o primeiro do gênero na Austrália, organizado basicamente por professores-pesquisadores da Universidade de Melbourne. Vejam abaixo o programa do evento para ter uma noção da diversidade de tópicos.

Tuesday 8th April workshop program

Desert People’s Centre, South Stuart Highway, Alice Springs. DPC Function Room (S1.2)
Coffee and tea
Marie Ellis: Welcome to Arrernte country
Introductions and description of the aims of the workshop

Multimodal media and narrative practices from the Western 

Desert

Elizabeth Marrkilyi Ellis, Jenny Green and Inge Kral will show recent work that uses 
iPads as a medium for storytelling.
Morning tea

Language apps and games

Ala' Diab is co-founder and design director of Freedom Games in Chicago, USA. 
He has developed games to support school readiness and language and literacy.

Aikuma

Steven Bird will show us Aikuma, a free Android app used for recording, 
transcribing and translating oral literature. Bird will report on experience 
using Aikuma to document endangered languages in Papua New Guinea, Brazil, and Nepal.
lp20.org
Lunch

Books with a digital twist

Margaret Carew & Maree Klesch (Centre for Australian Languages and Linguistics/Batchelor 
Press) will demonstrate ways that books can be repurposed as apps. They will show 
the book that 'sings’, an Alyawarr awely song book that has sound printing.

Alyawarr using app to document and learn language

Alyawarr speakers are using an app developed by IAD Press. In this session Jason Dyer 
and Tristan Duggie will share their experiences of using the resource.
https://itunes.apple.com/qa/app/iad-language-learning-for/id688590175

Ma! Iwaidja

Bruce Birch will demonstrate Ma! Iwaidja, a lexicon development app + database package 
available for both iOS (iPad/iPhone) and Android devices. The app allows users to remotely 
upload raw material for dictionary entries that can then be curated and published 
by community teams. www.themaproject.org/?p=28
Afternoon tea

First Languages Australia

First Languages Australia is reviewing the use of digital tools for language work. 
This session, led by Paul Paton, Karina Lester and Ben Foley, is an opportunity to discuss 
issues and strategies for using digital resources effectively.

Where to from here?

What do we want and how can we get it? Open discussion and plans for community 
hands-on workshop on Day Two.
Demonstration of Iltyemiltyem online sign language dictionary led by April Campbell Pengart, 
Clarrie Long Kemarr from Ti Tree with Margaret Carew and Jenny Green. 
www.iltyemiltyem.com/sign

Bruna Franchetto, Livia Tavares and Rafael Nonato are linguists of the Brazilian Program 
for the Documentation of Indigenous Languages. They will show some of the best recent videos 
made by young indigenous film-makers (indigenous languages with English subtitles).
BBQ dinner at DPC

A chamada “inclusão digital” é outra área que recebe considerável apoio governamental.  Foi extremamente interessante ver as apresentações de projetos de produção de materiais pedagógicos e bases de dados digitais, bem como de aplicativos e softwares para a documentação, como as de Bruce Birch e Steven Bird, que já passaram pelo Brasil. Steven Bird mostrou o uso do aplicativo por ele desenvolvido (Aikuma) entre os Tembé e falantes de Nheengatu; lembramos de Bruce mostrando o seu Ma! Iwaidija no Museu do Índio a ano passado.  O Brasil está muito atrasado nesse campo. Um evento sobre inclusão digital já aconteceu na USP um tempo atrás; um workshop para ter um panorama atualizado e poder medir o atraso seria uma boa iniciativa. 


O Desert People Center em Alice Springs

Nossa apresentação fechou o dia, mostrando um pouco da produção de cineastas indígenas no Brasil com três vídeos do Coletivo Kuikuro de Cinema (Kindene, Trap Thieves, Pele de Branco). Uma nota não aleatória: tivemos que selecionar vídeos que poderiam ser vistos por um público de mulheres e homens aborígenes (presentes no workshop). Qual o problema? Fomos alertados mais de uma vez, por Whitefella, de que certos assuntos e certas imagens provocariam um mal estar profundo: nudez, genitálias, menstruação, sexo, etc., tudo o que índio gosta...Um falso problema? Talvez, já que ouvimos opiniões opostas vindo de outros Whitefella. O fato é que todos os aborígenes assistiram aos vídeos, ligadíssimos; dos Whitefella, poucos.

Projeção dos videos do Coletivo Kuikuro de Cinema

Alguns destaques do workshop :
- Nos fundos da sala, livros, publicações impressas à mostra, como Anpernirrentye – Kin and Skin _ Talking about families in Arrente (conhecidos como Aranda), de Veronica Perrurle Dobson e John Henderson (2013), excelente livro didático sobre sistemas de parentesco, recomendo!
E dicionários ilustrados, livros sobre plantas medicinais, gramáticas...todos bilíngues.





- as práticas narrativas tradicionais (pictografia na areia) em versões digitais, resultando em jogos de palavras e jogos desenhados na areia, com temas como relações de parentesco, ordem de senioridade, localização/direção no espaço, formas, cores (temas centrais nas línguas e culturas aborígenes). 



- Ala Diab, web designer da Univ. de Chicago, mostrou jogos em línguas indígenas, como “objetos escondidos” e puzzles.
- Vários produtos de apoio para atividades de ensino-aprendizagem nas escolas.
- O Wadeye Aboriginal Languages Project, trabalha há mais de dez anos com mais de dez línguas, produzindo livros eletrônicos sobre plantas, animais, partes do corpo, emoções, casas e aldeias, números, rituais, narrativas, cantos, landscapes, peixes, história (com mapas indicando sítios e narrativas associadas). Mostraram uma ótima ferramenta, já vista em Kununurra: uma caneta que permite a leitura (audível) de livros impressos. Cada caneta pode arquivar 3 livros, custa cerca de 100 dólares, sendo que o livro custa 20 dólares x página.
- o IAD Ipad app Alyawarr é o partner de dicionários ilustrados impressos, permite ampliar conteúdos, gravar a pronúncia das entradas pelo usuário de modo a compará-la com a gravação áudio associada a mesma entrada.

De volta para Canberra no dia 9 de abril.


 Vista de Alice Springs

 Na rua dos cafés e das galerias em Alice Springs

Alice Springs, centro do mundo